Fotos Mestre Alemão na Sede do Grupo Raízes










Graduação do Grupo Raízes






História da Associação Raízes




O Grupo Raízes da Capoeira foi fundado há onze anos atrás, na cidade de Nova Iguaçu - RJ, por Ingo Lassarotte (Mestre Alemão), formado em Educação Física, e Corda Vermelha de Capoeira.


Mestre Alemão começou na capoeira aos seis anos de idade e jogou na Federação de Capoeira do Estado do Rio de Janeiro até cordel azul (professor). Em busca de mais conhecimento rodou alguns grupos até conhecer Mestre Gringo (Federação Rio das Cobras), formado de Mestre Butt, presidente e fundador do Grupo Chapéu de Couro.


Mestre Alemão, por sua influência acadêmica e vivência na capoeira, trabalha com uma capoeira pedagógica em escolas, clubes, praças, associações e afins com o objetivo de passar uma capoeira limpa, sem violência e sem vínculos religiosos.
Mestre Bimba







Mestre Bimba: Manoel dos Reis Machado nasceu em Salvador, Bahia, a 23 de novembro de 1900, no bairro do Engenho Velho, freguesia de Brotas. Seu apelido ele ganhou logo que nasceu, segundo ele, em virtude de uma aposta feita entre sua mãe e a parteira. Sua mãe, dona Maria Martinha do Bonfim, dizia que daria luz a uma menina. A parteira afirmava que seria homem. Apostaram: perdeu dona Maria e o filho, Manoel, ganhou o apelido que lhe acompanharia pela vida inteira (Bimba é como se conhece na gíria da Bahia o órgão genital masculino). Era filho de Luís Cândido Machado, batuqueiro famoso do bairro (batuque - "a luta braba, com quedas, com a qual o sujeito jogava o outro no chão" - ver Dicionário). Começou a aprender capoeira com 12 anos de idade, na antiga Estrada das Boiadas, hoje bairro da Liberdade, em Salvador, com um africano chamado Bentinho, capitão da Cia. de Navegação Baiana. Tornou-se um exímio praticante da capoeira em sua forma tradicional, destacando-se pela espetacular habilidade combativa. Na época em que começou a praticar, a Capoeira ainda era bastante perseguida, e Bimba contava: "Naquele tempo, Capoeira era coisa para carroceiro, trapicheiro, estivador e malandros. Eu era estivador, mas fui um pouco de tudo. A Polícia perseguia um capoeirista como se persegue um cão danado. Imagine só que um dos castigos que davam a capoeiristas que fossem presos brigando era amarrar um punho num rabo de cavalo e o outro em cavalo paralelo; os dois cavalos eram soltos e postos a correr em disparada até o quartel. Comentavam até, por brincadeira, que era melhor brigar perto do quartel, pois houve muitos casos de morte. O indivíduo não agüentava ser arrastado em disparada pelo chão e morria antes de chegar ao seu destino: o quartel de polícia." Depois, descontente com a descaracterização pela qual passava a capoeira, transformada em "prato do dia" para pseudo-capoeiristas, que a utilizavam apenas em exibições nas praças, para os turistas, Mestre Bimba introduziu modificações importantes nos códigos da capoeira, vindo por isso a ser chamado de “o Lutero da Capoeira”. Foi o primeiro capoeirista a constituir academia de capoeira, em 1932, no Engenho Velho de Brotas, e o primeiro a conseguir registro oficial do governo para a sua academia, chamada Centro de Cultura Física e Luta Regional, “num período em que o Brasil caminhava para o pleno regime de força e que as leis penais consideravam os capoeiristas como delinqüentes perigosos” (teve o cuidado de retirar a palavra "Capoeira" da academia que fundou). O ensino de sua capoeira foi qualificado pela então Secretaria da Educação, Saúde e Assistência Pública como ensino de educação física. Suas inovações (entre as quais a introdução de uma metodologia de ensino) originaram uma “nova visão de mundo” no ambiente da capoeira. A partir de suas modificações a Capoeira começou a ganhar alunos da classe média branca. Mestre Bimba deu ares atléticos ao jogo e atraiu as mulheres, até então excluídas das rodas. Há muito mais informações sobre Mestre Bimba e sua escola, colhidas das mais autorizadas fontes - as obras de seus discípulos, os Mestres Decânio, Esdras "Damião", Itapoan, Acordeon e de autores como Jair Moura e Waldeloir Rego.
Mestre Pastinha



Mestre Pastinha: Vicente Ferreira Pastinha nasceu em Salvador a 5 de abril de 1889, filho do espanhol José Señor Pastinha e de Dona Maria Eugênia Ferreira. Seu pai era um comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe, uma negra natural de Santo Amaro da Purificação, que vivia de vender acarajé e de lavar roupa para famílias mais abastadas da capital baiana. No prefácio do livro publicado em 1964, intitulado “Capoeira Angola”, de autoria de Pastinha, José Benito Colmenero afirma que Pastinha teve como mestre de capoeira um negro angolano chamado Benedito, que, ao ver o menino pequeno e magrelo apanhar de um garoto mais velho, teria resolvido ensinar-lhe a Capoeira. Durante três anos, Pastinha teria passado tardes inteiras num velho sobrado da Rua do Tijolo, em Salvador, treinando a movimentação da arte: meia-lua, rasteira, rabo-de-arraia, etc. Ali teria aprendido a jogar com a vida e a ser um vencedor. Mas a maioria dos capoeiristas que o conheceram afirma que seu mestre foi Aberrê. Viveu uma infância feliz, porém modesta. Durante as manhãs freqüentava aulas no Liceu de Artes e Ofício, onde também aprendeu pintura. À tarde, empinava pipa e jogava Capoeira. Aos treze anos era o moleque mais respeitado e temido do bairro. Mais tarde, seu pai, que não gostava da vadiagem do moleque, matriculou-o na Escola de Aprendizes Marinheiros. Conheceu os segredos do mar e ensinou aos colegas as manhas da Capoeira. Aos 21 anos, voltou para o centro histórico, deixando a Marinha para se dedicar à pintura e exercer o ofício de pintor profissional. Suas horas de folga eram dedicadas à prática da Capoeira, cujos treinos eram feitos às escondidas, pois no início do século esta luta era crime previsto no Código Penal da República. Em fevereiro de 1941, fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola, no casarão n.º 19 do Largo do Pelourinho. Esta foi sua primeira academia-escola de Capoeira. Disciplina e organização eram regras básicas na escola de Mestre Pastinha, e seus alunos sempre usavam calças pretas e camisas amarelas, cores do Ypiranga Futebol Clube, time do coração de Mestre Pastinha. Aos 84 anos, muito debilitado fisicamente e quase cego, deixou a antiga sede da Academia para morar num quartinho velho do Pelourinho, com sua segunda esposa, Dona Maria Romélia; a única renda financeira que tinha era a dos acarajés que sua esposa vendia. Morreu aos 92 anos, cego e paralítico, no abrigo D. Pedro II, em Salvador, numa sexta-feira, 13 de Novembro de 1981, vítima de uma parada cardíaca. Pequeno e notável em sua arte, Mestre Pastinha nos deixou seus ensinamentos de vida em muitas mensagens fortes e inesquecíveis como esta: "Ninguém pode mostrar tudo o que tem. As entregas e revelações tem que ser feitas aos poucos. Isso serve na Capoeira, na família e na vida. Há momentos que não podem ser divididos com ninguém e nestes momentos existem segredos que não podem ser contados a todas as pessoas." Pastinha foi “o primeiro capoeirista popular a analisar a capoeira como filosofia e a se preocupar com os aspectos éticos e educacionais de sua prática”[1]. Pastinha foi uma das figuras mais queridas de toda a Salvador, por sua extrema devoção à capoeira. Mesmo depois de idoso, jogava capoeira como um jovem exímio, executando sua movimentação com perfeição e agilidade. De Mestre Pastinha, já disseram ser... “o guardião da liberdade de criação, da inocência dos componentes lúdicos, da beleza da coreografia... ... o gênio que desvendou em palavras simples e puras os aspectos místicos da capoeira. Será sempre simbolizado pela ‘Chamada’, com que arrefecemos o calor da disputa entre vontades que se contrapõem. A Mão Amiga estendida para o Alto, lembrando... ...Somos todos Irmãos à luz do MESTRE A Paz entre os Capoeiristas de Boa Vontade."



[1] MESTRE DECÂNIO, A Herança de Mestre Pastinha, Coleção São Salomão, Salvador, 1996.
HISTORIA DA CAPOEIRA






Raízes africanas


A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas.


No Brasil


Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.


Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.


A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.


Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro.


Três estilos da capoeira


A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira angola. As principais características deste estilo são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia. O estilo regional caracteriza-se pela mistura da malícia da capoeira angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade.